domingo, 30 de março de 2008

O valor de um chocolate!

Algumas lembranças nos marcam tanto, principalmente aqueles ditos “flashs” que são piores que tatuagem, não há laser que apague! E assim foram durante muito tempo na minha infância as Páscoas que eu vivi! Naquele tempo chocolate valia mais, ou eu que dava mais valor. Lembro-me que eu achava os ovos de Páscoa e abria sorrisos, saia gritando pela casa dizendo que tinha achado um ovo e o coelhinho por ali tinha passado. Hoje percebo que minha mãe também ria comigo, mas um riso diferente do meu. Aquele riso de quem dá quando admira uma inocência, de quem sabe das verdades nuas e cruas desse mundo, mas quer aproveitar um segundo de fantasia no rosto de alguém, que assim como eu, não imaginava que tudo aquilo era “de faz de conta”. Um riso que hoje em dia eu dou quando minhas primas falam do Papai Noel. Enquanto minha mãe me admirava, eu admirava o ovo todo embalado, colorido e brilhoso. Lembro que a minha mãe sempre falava: “Só vai abrir depois na Páscoa!” E aquilo fazia com que o chocolate por mais simples que fosse adquirisse um valor inestimável. Não trocaria nem uma moeda que fosse por aquilo. E olha que moedas em mãos de crianças são como ações em alta! Lembro até hoje do meu ovo de “Quik” que depois virou “Nesquik” e que acho que hoje nem existe mais. Aliás, tanta coisa hoje não existe mais. Na Páscoa deste ano ganhei quatro ovos, e nenhum deles tive que procurar, caçar as pegadinhas, encontrar. Não que eu não goste dos ovos que eu ganhei. Eu gostei, só que agora ao invés de comer imaginando a cena do coelhinho deixando aquele ovo pra mim, eu o como com culpa. Com medo de engordar, de ganhar espinhas e por aí vai... O chocolate acaba e nada fica. Provavelmente não irei lembrar deles daqui a uns dez anos, como lembrei daqueles que minha mãe escondia. A embalagem virou só uma proteção pro chocolate não derreter e o brilho se ofusca com os preços. Não sei se gostaria de continuar procurando pelos ovinhos, mas queira que o chocolate valesse mais em minhas mãos. Queria comer sorrindo ao invés de comer olhando pra televisão pensando nas calorias. Talvez agora seja a hora em que se concretiza aquela outra frase da minha mãe (que provavelmente repetirei pros meus filhos): “Aproveita filha! Aproveita a infância que ela passa e você vai querer voltar!” E eu inocente dizia: “Que nada mãe! Quero ser adulta que nem você!” É... Pelo menos ainda espero a Páscoa para abrir os ovos...

São as águas de março fechando o verão, e a promessa de vida no meu coração...

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin