segunda-feira, 1 de março de 2010

Conquistando ou Entretendo?

Última conferida no espelho, última borrifada de perfume, retoque no batom, cabelos soltos e equilíbrio sobre o sapato de salto alto. Estava pronta. A partir daí tudo que poderia acontecer estaria por conta do acaso de um encontro. Todo aquele processo de conhecer o outro estava só começando, as surpresas ainda continuavam guardadas. Por enquanto, a aparência já havia feito o papel da atração – e como dizem por aí - faltava o conteúdo fazer seu papel de convencer. O papo ia bem, cada um falando um pouco de si e das suas experiências, a mesa em pouco tempo tornou-se completa com outros casais, até que surge o comentário terceiro que me fez refletir: “Ah, eu gosto mesmo é de mulher malucona! Daquelas que sobem na mesa pra dançar!”.

Confesso que posso até ser injusta na interpretação, mas aquilo chegou aos meus ouvidos como uma sutil indireta. Afinal, não me sentia na situação mais confortável do mundo, estava inegavelmente tímida e, portanto um pouco “travada”. No entanto, assimilei aquilo e resolvi que continuaria sendo eu mesma, mesmo que tímida naquele momento em especial. Já em casa, fiquei feliz comigo mesma de não ter alterado meu comportamento simplesmente para agradar, conquistar ou causar algum tipo de boa impressão. Sinto até que isso me fez mais confiante naquela noite. Qualquer que fosse o assunto e a situação, sendo eu mesma dificilmente cairia no ridículo. E se caísse? Sem problemas, a proposta não era nos conhecermos? Essa era eu.

Enfim, a questão não é o que outro gosta que você passa a ser, mas o que você é e o outro passa a gostar, admirar. No entanto, vivemos querendo ser o que os outros já ditaram ser melhor. Sem perceber que o mais cativante é o encontro dos gostos, a afinidade que acontece naturalmente, não aquela que é construída. A conquista baseada no “ser o que o outro gosta”, é tão superficial como beijar um desconhecido. Afinal, terminado o encontro, ao olhar novamente no espelho é bom que você se reconheça para ser conhecido, porque o perfume evapora, o batom desbota e uma hora você tem que descer do salto...

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