Sempre achei engraçadas aquelas entrevistas de perguntas curtas com respostas rápidas, do tipo: “Qual sua comida preferida?” ou “Qual melhor viagem já feita?” e por aí vai... Isso porque sempre ao tentar imaginar que respostas eu mesma daria, a probabilidade de deixar espaços em branco, ou simplesmente responder “várias” era um tanto quanto alta. Mas parece que as coisas mudam, aliás, claro que mudam.
Outro dia qualquer, estava sentada em mais uma dessas salas de espera de dentista, onde ou você escolhe simplesmente olhar para as paredes ou ler uma das revistas empilhadas - cada uma com uma celebridade esbanjando felicidade na capa. Foi então que resolvi ler a mais recente, afinal se for pra preencher tempo com cultura inútil, que pelo menos seja atualizada. Já decidida a revista, fui virando as páginas no estilo “só me interesso por imagens”. Vira uma, vira duas, as fotos se esgotam, só me restava ler. Ao ler uma dessas entrevistas “jogo rápido”, percebi como já conseguiria responder boa parte das perguntas, e o que é melhor: sem hesitar muito para pensar! Pode parecer banal, mas aquilo me fez bem. Perceber que conforme o tempo passa, tenho me conhecido cada vez mais, do que gosto, do que pretendo gostar, onde quero chegar, em quem pensaria logo de cara para levar para uma ilha deserta e etc.
Me opondo as capas das revistas, nem sempre esbanjei felicidade, e percebi como isso foi fundamental para construir quem sou hoje, reconheci em uma sala de espera a importância da vida empírica. Talvez, para você que simplesmente lê esse texto, uma história assim pode beirar a “falta de noção”, álcool, não sei, também tanto faz. Agora, isso pouco me importa, porque os meus espaços em branco eu já estou preenchendo e as minhas páginas eu já estou virando. Mas e você?