terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dois Rios de Mim

"Nós não podemos nunca entrar no mesmo rio, pois como as águas, nós mesmos já somos outros."

Heráclito de Éfeso




E o tempo passou... E tanta coisa mudou...

E hoje estou aqui, em meio a milhares de prédios, atravessando ruas lotadas de carros, andando por calçadas de pedras portuguesas, sentindo a brisa do mar ao abrir a janela, estou no Rio de Janeiro.





Seja seu codinome clichê, piegas ou não o bastante para descrevê-la, ela é sem dúvida uma cidade maravilhosa. Não encontro outro lugar de misturas tão belas e tão fortes. A montanha e a faixa de areia a poucos quilômetros, o urbano e o mar a poucos metros, o ricaço e o miserável a centímetros de distância... É o Samba na Sexta, o Funk no Sábado, a Bossa Nova no Domingo embalando o passeio na orla...




São contrastes que lavam a alma, e outros que a fazem pesar. É o nascer do sol na Praia de Botafogo, é a Rocinha com São Cristóvão ou vice-e-versa.

É tanto, mas tanto barulho, tanto movimento, tantas pessoas, tantas vidas, várias delas empilhadas sem se quer notar a existência uma da outra.



Quantos elevadores sobem?

Quantos descem?

Quantos carros buzinam?




E no meio disso tudo, procurei o silêncio. O procurei para sentir alguma parte de mim que exista sem que o cansaço a tenha atingido. O procurei, fechei os olhos, mas foi em vão. A cidade não silencia, e a falta disso me fez lembrar o lugar de onde vim. Antes de conhecer esse fenômeno chamado Rio, conheci outro.




Foi de lá que vim, e desde então minha vida nunca mais foi a mesma. Foi lá que deixei o silêncio de um fim de tarde, o canto dos passarinhos no nascer do sol, as laranjeiras, os limoeiros, o conforto de uma casa ampla mesmo que sem muitos luxos. Estão lá, pessoas incomparavelmente importantes, capazes de florescer a mais doce das nostalgias. Por lá, ficou minha infância, a ingenuidade das brincadeiras entre primos, sobrinhos, vizinhos, aparentados, conhecidos, e - porque não? – desconhecidos também.





Sinto falta disso tudo, sinto que lá ainda existe o silêncio que tanto quero, o instante de repouso para os ouvidos, o cessar do zumbido dos freios, o travesseiro da mente, a válvula de escape de toda essa poluição sonora e visual que bombardeia a cidade grande.





No entanto, hoje sei que sou completamente apaixonada por dois Rios. De pampas, de serras, de praias, de um mês, de um ano inteiro... São amores tão concomitantes quanto a vontade que tenho de estar em dois lugares ao mesmo tempo. E prometo a eles amor no silêncio ou no barulho, porque afinal assim sou eu: dividida e dessa forma completa. Cada parte de mim, é uma metonímia de um lugar...






Créditos: Foto Praia de Botafogo - Leandro http://novedoquinto.blogspot.com/

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sobres Viagens - as metamorfoses que me causam

E conforme o tempo passa
,
me despedaço em cada passo
nesse mundo...

E enquanto puder partir,
cada nova parte minha
vai se unir...

domingo, 8 de novembro de 2009

Santa Catarse



Lendo aos poucos, cada detalhe, surtindo cá dentro tua imagem, pareço roubar o lugar que é seu. Vejo, ainda cá dentro, seus dedos formando paisagens, momentos, histórias, que ainda que suas, também foram minhas.
Eu sei que no fundo todo romance converge, peculiares são os vocativos íntimos, os cheiros marcantes, os beijos e afins. Ainda assim, tenho para mim, que essa coisa toda de amor é tão universal que – veja só que novidade – o fim do seu ao meu foi igual.
Sobre você sei muito pouco, mas já consigo descrever o que lhe rendeu uma paixão... Acho que é para isso então que vivem os poetas: fazer surgir em quem lê, essa confortante sensação.
A identificação...




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