terça-feira, 14 de setembro de 2010

Como dizia o poeta

Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Nao há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão


Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho

- Não é linda essa música?

Perguntava ele, concordava eu.

- Só essa parte que eu não concordo...

Me pôs a refletir...

- Ah! Mas eu concordo!

Afirmei.


E afirmei, agora vejo, mais pelo medo. Afinal, cada um não tem seus grandes medos? Então, um dos meus era justamente essa tal de solidão. Por isso, me coloquei logo a afirmar que qualquer coisa seria melhor que a solidão. Até mesmo um amor descompensado.


Mas será? Pensei.


Amor que não compensa é como saldo negativo, por mais calculista que isso soe. E de saldo negativo, todos correm. Não há amor que lide por muito tempo com prejuízos, e olha que eu não falo dos financeiros! Até porque mesmo esses são mais facilmente encarados quando se tem amor, digamos assim, com “divisão de partes iguais”. Já os prejuízos da alma não só são os olhos da cara, mas como o coração inteirinho junto!


E amor descompensado é assim... Muito amor vem daquele abraço, em contrapartida um tapinha nas costas para ficar confortável... Aquela ansiedade enquanto a pessoa amada não chega, os pés inquietos, as mãos suando e em contrapartida o atraso. O beijo carregado de entrega, cuidado para não perder cada detalhe do carinho, em contrapartida um contato desconexo e mecânico dos lábios.


Os prejuízos da alma não são, portanto, tão mais caros? Viver um amor a dois/a sós não é bem melhor que a solidão! Dependendo da forma como se encara a solidão, antes ela do que ele!


Sem pretensões de dizer como um poeta, mas acho que não era bem amor-que-não-compensa que compensa a solidão. Quem sabe uma paixão, que se permite no que é um desequilíbrio total das partes, uma admiração completa de mão única. Mas amor? Amor é pra valer! Valer a pena! Valer os conflitos, valer os defeitos um do outro, valer os problemas! Amor é pra compensar o pesar! Amor é equilibrar tudo que a solidão um dia nos desequilibrou. E amor desequilibrado é como solidão acompanhada... Simplesmente, não (se) faz sentido.



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