Certa vez, perguntei a um amigo muitíssimo especial se ele me considerava alguém, assim, romântica. Disse ele que não. E eu expressei apenas com o meu rosto todo aquele tom de revolta de um “Como assim?” e um olhar bem direto que dizia um “Tem certeza disso?”. Fato que esta seria minha reação. Sou mulher e gosto de romance. E que mulher não gosta? Nas medidas certas, obviamente... (Não confunda com melação, que está bem longe do quão sofisticado e simples pode ser uma atitude romântica.)
No entanto, como se já não nos bastassem tantos outros, o probleminha é que nós, mulheres românticas, se é que isso não soa a pleonasmo – ou pelo menos as que se pretendem ser românticas – como a princípio pareço fazer parte - acabamos nos corroendo com nosso próprio desejo. Ou por melhor dizer, com nossas próprias criações e delírios. Desejamos ser desejadas da maneira mais inspirada possível, só que muitas vezes nos inspiramos mais do que nosso próprio amante! E o pobre coitado apaixonado nunca será capaz de alcançar nossas expectativas miraboladas em boas doses de filmes e músicas que tanto nos identificamos. Acabamos por delirar e imaginar os detalhes daquele momento a dois que, quando ele acontece, deixamos passar por diante de nossos corações e sentidos os detalhes tão bonitos e, sobretudo, reais que aconteceram. Como se as coisas tivessem ocorrido de um jeito longe do que planejamos, de tal modo que exceto o ideal, nada seria o suficiente. Aliás, nada seria romântico o suficiente.
Esquecendo-nos de que é a lucidez que dá toda a graça de sentir o amor. Esquecendo-nos de que podemos não viver Aquela aventura louca, fervorosa e regada de juras de uma tela do cinema, eternizada em todas as locadoras, mas que existe alguém que está conosco pelo simples e mais nobre motivo: nos ama e nos quer bem. Por isso, hoje eu diria para todas as mulheres, inclusive eu, que se preocupassem menos em viver um conto de fadas e mais em viver... a vida!