Heráclito de Éfeso
E o tempo passou... E tanta coisa mudou...
E hoje estou aqui, em meio a milhares de prédios, atravessando ruas lotadas de carros, andando por calçadas de pedras portuguesas, sentindo a brisa do mar ao abrir a janela, estou no Rio de Janeiro.
Seja seu codinome clichê, piegas ou não o bastante para descrevê-la, ela é sem dúvida uma cidade maravilhosa. Não encontro outro lugar de misturas tão belas e tão fortes. A montanha e a faixa de areia a poucos quilômetros, o urbano e o mar a poucos metros, o ricaço e o miserável a centímetros de distância... É o Samba na Sexta, o Funk no Sábado, a Bossa Nova no Domingo embalando o passeio na orla...
São contrastes que lavam a alma, e outros que a fazem pesar. É o nascer do sol na Praia de Botafogo, é a Rocinha com São Cristóvão ou vice-e-versa.
É tanto, mas tanto barulho, tanto movimento, tantas pessoas, tantas vidas, várias delas empilhadas sem se quer notar a existência uma da outra.
Quantos elevadores sobem?
Quantos descem?
Quantos carros buzinam?
E no meio disso tudo, procurei o silêncio. O procurei para sentir alguma parte de mim que exista sem que o cansaço a tenha atingido. O procurei, fechei os olhos, mas foi em vão. A cidade não silencia, e a falta disso me fez lembrar o lugar de onde vim. Antes de conhecer esse fenômeno chamado Rio, conheci outro.
Foi de lá que vim, e desde então minha vida nunca mais foi a mesma. Foi lá que deixei o silêncio de um fim de tarde, o canto dos passarinhos no nascer do sol, as laranjeiras, os limoeiros, o conforto de uma casa ampla mesmo que sem muitos luxos. Estão lá, pessoas incomparavelmente importantes, capazes de florescer a mais doce das nostalgias. Por lá, ficou minha infância, a ingenuidade das brincadeiras entre primos, sobrinhos, vizinhos, aparentados, conhecidos, e - porque não? – desconhecidos também.
Sinto falta disso tudo, sinto que lá ainda existe o silêncio que tanto quero, o instante de repouso para os ouvidos, o cessar do zumbido dos freios, o travesseiro da mente, a válvula de escape de toda essa poluição sonora e visual que bombardeia a cidade grande.
No entanto, hoje sei que sou completamente apaixonada por dois Rios. De pampas, de serras, de praias, de um mês, de um ano inteiro... São amores tão concomitantes quanto a vontade que tenho de estar em dois lugares ao mesmo tempo. E prometo a eles amor no silêncio ou no barulho, porque afinal assim sou eu: dividida e dessa forma completa. Cada parte de mim, é uma metonímia de um lugar...
Créditos: Foto Praia de Botafogo - Leandro http://novedoquinto.blogspot.com/
9 comentários:
simplesmente... do caralho... sério...
Só não disse de onde você veio...
Bom, eu gosto do Rio. É uma cidade maravilhosa mesmo. Fiquei arrepiado, de queixo caído dentro do carro vendo a cidade passar ao meu redor e sem saber pra onde olhar. É a única cidade que eu escolheria morar que não fosse a minha Salvador. Se não for uma dessas duas cidades que estiver morando, é por livre e espontânea vontade da vida.
Beijão
Por onde anda a senhorita Rafaela sumida Marinho?
Beijo moça
Cara, eu ainda vou ler muitos dos teus textos publicados.
Tu escreve MUITO bem!
E a idéia veio da nossa conversa algum tempo atrás? Ou tu já tinha escrito? hehehe, não importa, sinto que tu também tá com saudades daqui...
Tenho muitas saudades, mesmo. E não vejo a hora de nós sentarmos pra conversar na minha sala, como sempre foi! hahaha :P
Beijão. Te amo muito, Rafa.
Ah!!!!!! Saudades da tua casa também!! Sempre que passo por ela me dá um aperto no coração!
Essas fotos que tu colocou no post estão LINDAS!!!
Aqui é tão barulhento e poluído. Essas coisas me encomodam as vezes, talves eu gostaria de ter vivido em um lugar assim, onde o canto dos passaros me acorda todas as manhãs..
Voltei Rafa. Beijão
Rafaaa,
Hoje foi a primeira vez que eu vim no seu blog ler o que você escreve por aqui e sinceramente fiquei apaixonada!!! Você escreve muito bem mesmo e me fez desconectar do que estava acontecendo no presente e comecei a viajar na sua percepção do Rio de Janeiro e da sua saudade da sua cidade no Sul. Adorei mesmo =) Me deu saudade só de ler...
Lindaaa, parabéns !
beijão
Que lindo, Rafa! Você escreve muito bem. Vou começar a vir sempre aqui! Beijos, saudades. Bellinha
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